terça-feira, junho 24, 2008

Porque te adoro...





quarta-feira, junho 04, 2008

Se não vai Maomé à montanha...

Toda a minha vida persegui montanhas... Saltei de uma para outra, que explorei e saltei de novo para outra.
Até que me fartei da vida nómada e decidi parar...
Fiquei-me pelos vales... a ver as montanhas lá ao longe... a sonhar sem vontade de arriscar...
Até um belo dia em que uma montanha maior que todas as outras se atravessou no meu horizonte...
A curiosidade natural em mim me arrastou, e fui-me aproximando para melhor a observar...
Cheia de mistérios, colinas e vales depressa me encantou!
A minha natureza alpinista venceu e lanço-me em mais uma jornada sem sequer olhar para trás...
Ohh sabe tão bem o ar puro da montanha, deleito-me com sua frescura!
Tudo é novidade, tudo é caricia! Aprecio sol e chuva, aragem e intempérie...
Alegro-me tanto correndo atrás de uma borboleta, como fugindo à frente de um bode selvagem...
Admiro todas as suas particularidades, todas as suas protuberâncias, todas as suas arvores, todos os seus penhascos.
À noitinha contemplo longamente as estrelas num céu cristalino, antes de adormecer com um sorriso radiante numa qualquer clareira acolhedora.
Encho-me de felicidade ao acordar e ao dar-me conta de que não foi tudo um sonho... de que a montanha ainda ali está... que ainda é só minha.
Dias e meses se passam... e eu continuo naquele estado de êxtase, em que anseio descobrir mais e mais...
Até que chega o dia em que chega uma nuvem mais negra... Resguardo-me numa gruta...
E ao ver a chuva cair pesadamente, penso no quanto gosto daquela montanha... e no quanto me custa estar fechado naquela gruta, longe da montanha...
O meu olhar vagueia pelo vale que antes habitava, e dou-me conta do sossego que foi a minha vida...
Sem amores nem paixões, vivi calmamente sem preocupações...
De facto, começo a gostar demasiado desta montanha... Não mais quero viver apartado dela!!!
Quero acordar para ela, viver junto a ela, adormecer à sua cabeceira.

E é ai meus amigos... que começam as duvidas...
Vivi toda a minha vida longe desta montanha, sem nunca lhe sentir a falta.
Porque não consigo virar costas agora mesmo e abandonar a montanha?
Que é este efeito poderoso que têm sobre mim? Que me apanha os sentidos e distorce a razão...
Se há coisa que sempre amei na minha vida foi a liberdade... que neste momento sinto a escapar-se-me por entre os dedos...
Que espécie de dependência sofro eu neste momento?
Dois caminhos me surgem a frente:
Sacudo-me dos grilhões que ameaçam estrangular-me, desço a montanha e ficarei para sempre na duvida do que poderia ter acontecido...
Cedo à tentação enorme de me deixar possuir por algo maior que eu, dou mais um passo e corro o risco de nunca mais ser eu outra vez...